Havia prometido a mim mesma que um dia o faria. Chegou a estar agendado, Teve de ser adiado. A força, a fé, o foco, desencadearam em mim uma força maior interior, que nada faria reverter. Eu sabia que queria, que podia, que merecia e que conseguia. Tudo se conjugou para fazer acontecer. Noites a caminhar, dores físicas jamais sentidas. Nunca pensei em desistir, porque o meu coração sussurrava ao meu ouvido; tu consegues, tens vontade própria, queres sentir e viver, emoções que nunca experienciaste. Fui assistindo a lições de amor gratuito, superação, altruísmo, de interajuda mesmo com desconhecidos. O meu coração agigantava-se a cada passo, a cada km percorrido. Sentia-me. Quando a dor física se confunde com a privação de sono, te questionas; o que poderá compensar todo este sacrifício? de dor? só a certeza de que superas este desafio? Ao pisar aquele chão de plumas, ao ver rostos e mais rostos cobertos de lagrimas límpidas e brilhantes, só olho para o céu, como forma de agradecimento, sem dor, com o corpo leve e fortalecido. Um grupo de peregrinos, ao meu lado, lançou um conjunto de aviões de papel, de vários tamanhos, cada um transportava uma frase escolhida por cada elemento: gratidão, humanidade, aceitar, amar, receber, dar, paz, igualdade, paixão, luz, …. Não consegui ler todas, eram muitas e como seguiam em diversas direções, só me foquei nas que iam subindo em direção ao céu, de repente um pouco mais acima surge um terço enorme feito de balões brancos e azuis, um terço desenhado no céu mais lindo e azul que alguma vez tinha observado, e o último avião de papel que consegui observar seguiu em sua direção com a palavra; Verdade.
Tão feliz por perceber que afinal o mundo não está assim tão despido, tão cruelmente desumano.
Tenho estado a pensar nas personagens, reais ou fictícias, que me possam servir de modelo ou influenciar o meu comportamento.
Não será muito normal, mas a verdade é que não encontro.
É curioso que já noutras ocasiões me dei conta disso. E que isso será revelador.
Haverá, com certeza, personagens que suscitam a minha simpatia. Se me forem apresentadas, haverá uma ou outra que terá um impacto maior sobre mim, por razões positivas ou negativas.
Mas, geralmente, costumo distinguir a personagem (pública) do ser (privado) que é.
Às personagens são construções sociais que os meios de comunicação, como a publicidade, criam para veicular ideias ou interesses que visam defender pontos de vista.
É comum sermos confrontados com opiniões que põem em causa a credibilidade de algumas personagens.
Muitas vezes o comportamento do ser ou indivíduo revela uma verdade que está nos antípodas do que a personagem pretende revelar.