A paixão por jornais e alguns delitos
Sempre tive uma paixão por jornais. Os jornais sempre foram para mim uma janela para o mundo. Ser jornalista era a ambição que preenchia os meus sonhos.
A paixão era tão grande que, em miúdo, como era pobre, chegava a roubar jornais que, soube mais tarde, eram de um proeminente político, já falecido, do concelho onde vivia.
O ardina, que era o dono de um quiosque que existia ali perto, atirava os jornais dobrados para a entrada do prédio e eu ía lá busca-los. Aconteceu algumas vezes.
Chegou-me agora á memória a lembrança destes delitos, cujos castigos há muito que prescreveram, e que deixam o aroma de um desejo que me consumia.
Agora, com a digitalização da informação, já não me lembro quando foi a última vez que li um jornal em papel.